Oitenta disparos
- Luciana Costa
- 10 de abr. de 2019
- 1 min de leitura
Por Luciana Costa
Uma vida arrancada aos tiros por um ‘engano’. Em uma abordagem agressiva, os militares dispararam oitenta vezes contra uma família em uma tarde de domingo na Zona Oeste do Rio.
Evaldo dos Santos, 51 anos, era músico e segurança, um pai de família, um ‘cidadão de bem’, um negro. Era o motorista do carro branco - aparentemente similar ao veículo de bandidos procurados pelo Exército. Ele foi assassinado com apenas um tiro no peito, para quê os outros setenta e nove tiros contra o carro? Serviu apenas ferir gravemente mais dois homens.
Os militares cegaram-se. A escolha de ignorar as mulheres e a criança de 7 anos que saíam do carro em um ato de desespero, exclamando por piedade, custará caro. Eles não perceberam o ‘engano’ a tempo.
Como sangue inocente derramado, o Brasil presencia um massacre desnecessário. Eu e você gritamos por justiça, pois a história de uma família foi transformada por um ‘engano’, um erro estúpido e completamente evitável.
Assistindo as notícias, o sentimento de descobrir os porquês cresce em mim e nos brasileiros. A representatividade negra afirma o racismo dos militares pelo fato de não perguntarem nada e saírem atirando ao verem a cor negra da pele e a cor branca do carro.
O ‘engano’ do Exército Brasileiro custou uma vida negra e inocente. A instituição protetora falhou em garantir a segurança pública ao assassinar o Evaldo e tirar tão cedo o pai de sua filha. A imagem dos militares já era manchada pelas mortes do regime ditatorial - atualmente exaltado por uns - agora, o sangue de Evaldo relembra aos poucos o medo e o desrespeito dos civis pela classe.
Produzido em atividade em sala.
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